sábado, novembro 08, 2008

Não me viva no ontem

Tua figura ainda é-me bruta
adormece numa lealdade misteriosa
se guarda em promessas de mármore.

Tua dureza não se molda ao meu gesto
seca, disfarça tuas fronteiras
que lhe correm em curvas rústicas
escondidas como num rubi de brilho endógeno.

Do passado onde cruzam-se os olhares;
do desejo que brota em puro encanto —
não abrem-se as asas de nosso signo amante:
ele cisca a terra pateticamente
olha para o céu infinito e líquido
e por qualquer boba razão
não se presta a levantar um belo vôo.

Teu fulgor lunar se me capturou
numa noite de loura surpresa
mas intacta, você em pedra permaneceu
deu-me somente o efêmero gosto do momentâneo.

Tua face parcial e longínqua
dissolve-se em cantiga tola:
Me rouba ao passado a flor do agora.

7 comentários:

Adrianna Coelho disse...


e vc fala das minhas imagens!

e eu
desvendando seu ontem
permaneço no agora...
sentindo!

Igor Machado disse...

Pavitra,

me extasia trocar nesse terreno, onde sou novo: tudo que se versa dessa forma tão nebulosa, tão ambígua, tão incerta, se revela a abordagem mais precisa e confortante que se pode ter dos sentimentos que nos temperam a vida.

sinta!
sentimos!
sintamos!

Adrianna Coelho disse...


eu sinto um intensidade em vc, igor... uma profundidade...

e nesse espaço, tbm sou nova...
vamos trocar!

Mariana Botelho disse...

lindo demais.

Maykson Cardoso disse...

caraca, esse último verso arrebata! estou de saída! Mas hei de voltar para relê-lo!

Igor Machado disse...

Fique a vontade, Maykson e seja bem-vindo!

Anônimo disse...

Igor,

Não está se tornando poeta,você o é ! bjs
GBraga