segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Lamento destruído (ao ciúme)

Como dizer isso?

Daqueles espelhos sem margem

Facetam a vergonha e me escondo de mim.

Não aprendo, sou burro e teimoso!

Tu dizes-me em teus olhos—ouço em teus beijos

Singela certeza de duração—nossos gostosos movimentos apaixonados

Queres-me, sou eu!

Não evito— Antes era ele, esse ele

que me persegue ou o persigo,

me flagelo em vão perigo

meu ciúme dá-me abrigo.

Precária moradia, de alicerce pantanoso,

de vigas tortas e madeira podre.

Como fede!


Não procuro nem menciono.

(mentira)

Calado, engulo seco;

escondido, o alimento

Vício de doente.


Sou irracional, burro e teimoso,

minha árvore de fruto e desgosto.

Ruborizo em cinza controle

fria moderação; não honestidade.

Sou levado, em forçada cessão

a calar-me bem como uma bonita montanha

dessas que desenha a torto o horizonte—

testemunha tudo, guarda quieta,

as gotas que caem e não escorrem por fora

limpam sua alma, e chora incessantemente.

Ai, silêncio choroso!

Gritaria:

—Não podes mais, minha doce proibida!

Meu coração, no entanto, proclama-te livre

Estás aqui porque queres.

Permanecerás bem como tal.


Como uma poça suja na calçada, contudo,

que forma-se depois de tão indesejada tempestade,

gostaria que evaporasse e sumisse,

drenado por um ralo de fenda obscura

de destino desconhecível.

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