terça-feira, agosto 03, 2010

Meu violão tem duas cordas
uma em mim
outra lá

Música pro Igor

Meu amigo Dado Oliveira fez essa música. Gosto demais dela, ele cantou na cachoeira e acho que a ouvi pela primeira vez, apesar dele ter cantado tantas vezes.


Nossas conversas me trazem
gosto por disputa
Por meia hora intercalada troca
acima disso é luta.

Mas fica tranquilo que isso é fase
essa era a frase mais ouvida
Se incomoda
é coisa que se mude
Nada que dependa mais
de vontade e saúde

Viver é melhor que sonhar
mas é preciso sonhar
pra viver, ser melhor

Sonhar é melhor que viver
mas é preciso viver
pra sonhar, ser melhor

Rebeldia, dia de artista
Vim te ver por esses vinte dias
Você sabendo que só vinte oito
Usou dos outros oito
e foi tão afoito

Te ver um pouco menos
me faz dono da minha verdade
Agora essa vontade me faz
querer te ver um pouco mais

terça-feira, julho 27, 2010

O Meu Olhar

O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de, vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...

Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender ...

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...

Alberto Caeiro

quinta-feira, julho 15, 2010

Te entrego um sentido

Se não quer meu sentido, não posso suportar teu pêndulo.

Mas assim é melhor:

abraça meu sentido e cuida.
E teu pêndulo não ferirá.

Movimento lembrado

Nada será inteiro para o homem
pois os sentidos nada capturam.
Tudo que existe são coisas que somem.

Meus olhos não tem mãos,
nada agarram.
Minha pele sente.
Depois saudade.

A memória é pista do meu eu.
Sussurra-me à noite:
És toda tua vida, além de hoje.
É um passáro de muitas faces
que entrega-me diários rasgados.
Com estranheza reconheço neles
a história dos meus passos.
As páginas lembram-me no amanhecer
sou amante ou amado
ou triste ou enraizado.

Memória é um belo espelho de estilhaços.

Tudo que é vivo é fragmentado.
Pois o que fica é somente o movimento
lembrado.

segunda-feira, julho 20, 2009

Das margens das almas

Mulher, de carne e idéia,

menina de fogo duro e quebradiço,

ofendes tua casca madura

com teu seio verde e prematura angústia.


Misteriosa!, quando nos ocultamentos belos;

Esquiva, esconde-se em sinceros receios.

O trem parte vermelho e faz as horas azuis

Descobre o mundo com leveza de interior bruto.


Os trilhos dividem as margens das almas,

o vento lapida as arestas cortantes.

O tempo cria, dos dormentes, música;

e do ferro, faz um grande laço.

segunda-feira, maio 18, 2009

O pequeno Closter




O pequeno Closter é um personagem que criei para falar um pouco sobre a infância. O tom da tira ainda não tá muito elaborado, afinal só produzi esta até hoje. Tenho boas idéias para outras histórias, preciso fazê-las.... 

Todos os comentários são bem-vindos, construtivos e destrutivos, porque até hoje não sei o que achar desse final.....

terça-feira, fevereiro 10, 2009

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Harpista




Virando uma esquina nos corredores do Metro, encontro esse harpista tocando musicas lindissimas. Isso foi logo de manha, e meu dia acabou começando duas horas depois.

Foi belo, nunca havia visto um harpista assim na minha frente.

sábado, fevereiro 07, 2009

salle française

Depois de muito tempo sumido, uma pequeno rabisco como pretexto para retornar... É um cantinho da sala do apartamento onde estou hospedado em Paris. Vim para cá para o festival de comix de Angouléme, o mais prestigiado da Europa. Foi demais, vou postar mais coisas. 

terça-feira, dezembro 16, 2008

Retrato de Bruno Castro

Retrato do meu amigo Bruno, entre-chopes. O sujeito mais engraçado que eu conheço.

Saravá!

terça-feira, dezembro 09, 2008

Chamado marinho

Navego num mar de alva pele
onde as ondas rebentam ocultas.
Qual será teu segredo, meu oceano amarelo?

Entrega teu vento, inteira!
Os lábios, deixe-os serem somente boca;
a matéria da paixão é vermelha e os queima:
seu caldo escorre fervente,
seu cheiro apalpa as narinas com descontrole,
seu toque é ingênuo e arde.

Sem temer a dor,
minha marcada pele compreende:
ser vulnerável é ser humano e estar vivo.
Não ama aquele que não fere.
Tampouco quem nunca foi ferido.

Por tua adaga não nutro medo.
Erga-a alto, portanto.
Pois poupar é trair —

Vem,
sai do azul, e me tira também;
colore tudo vermelho,
meu oceano branco!

amarelo, azul e vermelho






quinta-feira, dezembro 04, 2008

retrato do Gui


Esse é um retrato do Gui, grande amigo, autor do blog "Canto do meio", feito no meu caderno.

E a linha se solta.....

quarta-feira, dezembro 03, 2008

personalidade fragmentada



Acabo de perceber, com certa intensidade, que todos os desenhos que publiquei aqui até agora são diferentes entre si. Não tem nada a ver um com o outro. O que isso deve dizer da minha pessoa? É sério, quero resposta, não é uma indagação ao ar!

Aprendi recentemente que persona, a palavra grega que dá origem à personalidade, significa máscara. Perguntei pro meu amigo o que tem atrás da nossa máscara.

de bicicleta, uma reflexão sobre a morte

Certa vez estava descendo por uma rua de bicicleta, muito rápido, ouvindo Radiohead a máximo volume, extasiado. Estava feliz, adrenalina no sangue, dia bonito, enfim, contagiado de boas sensações. Pela rua também passavam muitos carros à alta velocidade e num determinado momento tive uma visão de um carro batendo no guidão da bicicleta e me vi voando em direção à morte. Vi minha cabeça se abrir no meio-fio e me terminar assim.

Continuei correndo, sem me abalar com a visão e cheguei bem em casa. Mas esse dia me marcou muito. Apesar de nada ter acontecido, algum mecanismo desencadeou-se em meio à alegria que sentia e de algum modo me colocou perante a possibilidade seca da minha própria morte. Sem aviso, a alegria poderia em um instante se transformar num profundo medo e depois viria o silêncio. Nada épico nem mitológico, só seco, aleatório. Curioso que só me preenchi com mais vontade de pedalar e seguir em frente. Eu não poderia ter ou merecer nenhum aviso prévio do que poderia vir um segundo adiante. Acho que poderia ter parado, mas não tive medo, logo segui. Qualquer coisa como "aproveitar enquanto estamos aqui". Se pudesse, aumentaria o volume da música, mas já estava no máximo.

Claro que isso é uma baboseira sem valor algum, porque é óbvio que eu não sei nada sobre morte. Nunca tive uma experiência de chegar perto de morrer.

Logo após tive a idéia de fazer uma história em quadrinhos sobre um ciclista que morre num acidente, mas nunca cheguei a produzi-la. O máximo que fiz com essa idéia foi escrever isso aqui. Bem, creio que já é um começo.

terça-feira, dezembro 02, 2008

Inaugura meu dia

Tua figura matinal aspira bons sonhos.
Teu cabelo em caos:
uma mansa e selvagem moldura
em teu rosto rígido e angelical.
Teus olhinhos recém-renascidos
brilham inocentes como a aurora,
a manhã que só é amor e mais nada.
Teus gestos atrasam-se sem compromisso
pois ao dia nada deve, e nada tem a tomar;
está ali, apenas; assim de sonho.
Um sonho, lindo, por sinal,
essa tua figura matinal!

sexta-feira, novembro 28, 2008

O mendigo

Outra imagem do mesmo mendigo. Ficou bem diferente. Ele é mais gordo e o rosto é completamente outro.

Auto-retrato


Auto retrato
9 x 12,5 cm
Aquarela sobre papel

Para Meton

Revela-me em surpresa
tua profunda simplicidade.
Que segredos superficiais esconde
em tua distância escura
de desejos abertos
vontades puras
certeza de criador
construindo um sonho
de mundo de traço de cor
e de puro movimento
dança, menino, dança

A casa invisível

A casa no alto do monte
que guarda teu sonho e o meu
não reflete a rígida luz do dia;
As vigas e janelas e telhado,
aos feixes solares não se curvam;
colorem-se à mundana vista
somente sob os difusos raios da poesia.

Que moradia injusta
dos meus sonhos e dos teus!
Fincada assim, nessa ilha inalcançavel.
Um oceano aberto e escuro
rodeia teu abismo insuperável

quinta-feira, novembro 20, 2008

do oculto

Em silenciosa serenata, versa-me:
cantas de longe em ocultas significâncias.
O que há por trás do véu dedicado
que sobre tua cabeça repousa, ondulante?

Sopra-me pétalas pungentes
que perpassam minha alma como neutrinos.
Não os miro, mas furam-me, sinto!;
doce melodia de amor não-declarado!

Máscara da realidade

Viver não se vale senão em partilha
Partilha não se cultiva senão em amor
Parte a única mulher...
Partiu-me, mas não meu coração:
guardo-a em cores e em todos os estímulos
É viva em todos os sentidos.

Quão bonita é a vida, que alegria!
Quão triste é o peito apaixonado!
Quão falsa é a arte, mas alenta...

Desmancha-se a desilusão, sob seu algoz:
os versos pintados em homenagem aos sonhos.
Pois os falsos versos são versos amantes.
Faz da ilusão uma realidade palpável:
estrofes de quem ama
e quer fazer-se nada senão amor.